Esperei tanto por esse descanso mais uma segunda-feira Acordo cansado, pesado. olho à mesa o pão que não posso mais ir comprar Ligo a T.V; Pra não ver. Pra voltar a dormir sonhar, lembrar, iludir-me. Tanta coisa pra falar, tantas historias pra contar. Mas meu parceiro é só esse sofá. saudosa mocidade, hoje só a vejo em alta velocidade sem tempo e paciência pra ouvir. Entra e sai, a garotada e eu fico aqui. Os conselhos que guardei agora não mais posso dar, demoro pra falar, sai embolado e a resposta... mal consigo escutar. Saudade da própria voz, cantando Noel, cantando "pitéu". O baralho não consigo mais enxergar, também não sei com quem jogaria, meus velhos amigos?... minha Maria?... ... ... que Deus os tenham em bom lugar. Sem cabelo pra pentear, nem posso entrar no mar. Ah, meu mar! Mais tarde me levarão pro velho passeio, pra pegar sol, pro corpo não mofar, vou sentar no banco da praça, e fazer a função do velho na cadeia alimentar. Alimentando aves porcas, que devolvem o pão processado em merda em minha careca, para gargalhada da criançada, fiz tanto por muitos e é isso que agente herda. ... Fazer minha função na cadeia alimentar uma dor de cabeça, uma fisgada, uma dor no peito, receio que é a hora ... Ainda não Continuo aqui, escravo desse corpo desgastado, ultrapassado e esperançoso. Quem sabe num futuro depois daqui... serei recompensado pelo bem feito no passado ou será esse corpo pesado uma maneira de pagar pecados?
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Quem disse que gosto dos pombos?
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